segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O JARDIM DOS BEIJA-FLORES


Bem próximo à janela da sala de reunião, belas rosas se instalavam, embelezando a fria construção de cimento. Todos os dias pela manhã, os beija-flores buscavam, nas entranhas das flores, o seu alimento, propiciando uma visão magnífica. E, do lado de dentro da sala, enquanto os beija-flores se deleitavam, decisões eram 
tomadas.
Os pássaros do lado de fora combinavam perfeitamente com a beleza das plantas e os homens, do lado de dentro, combinavam com a frieza do prédio. Enquanto os beija-flores buscavam o néctar das rosas para poderem viver, os homens buscavam outro néctar, mas o queriam em proporção bem maior.

Tudo dentro da multinacional girava em torno desse néctar. E, ao contrário dos pássaros, ele parecia fazer mal aos homens, porque nunca os satisfazia.
Mecanicamente, trabalhava-se. O ambiente pesado que podia se sentir ao percorrer os corredores daquela firma era, nada mais, nada menos, que as manifestações do sofrimento de muitas pessoas, que padeciam de uma mentalidade doente e ultrapassada.

O toque dos funcionários nos teclados dos computadores eram infelizes e soavam como as notas de um pianista que toca a sua última ária. Isso porque o expediente de trabalho era uma morte. Uma morte temporária que acontecia enquanto os funcionários permanecessem naquele ambiente. Então, eles deixavam de viver oito horas por dia, para depois disso, ressuscitar novamente.

As constantes ameaças de demissão e a desconfiança eram barreiras indestrutíveis, e o tratamento impessoal tirava qualquer chance de um maior envolvimento emocional. A tudo isso era atribuída a palavra "profissionalismo".
"Profissional", como o caso de Jonas, o funcionário 97, há trinta anos nesse estado transitório entre a vida e a morte.

Um dia, um beija-flor invadiu a sala de reuniões.
Como tal coisa pode ocorrer nessa tão conceituada empresa !? A alegria do lindo pássaro incomodava os altos executivos, que mandaram o faxineiro cortar as flores de perto da janela. E mais uma vez, o funcionário 97 fez o que não queria. Os beija-flores nunca voltaram, mas o único que notou aquilo foi o velho faxineiro, porque todos nunca tinham prestado atenção no show que a natureza apresentava dia a dia.

E, enquanto o teclar frenético soa e os espíritos clamam por socorro, a alta diretoria continua cortando os ramos de flores que crescem no âmago dos homens.

MAKTUB

domingo, 30 de outubro de 2011

DEUS ESTÁ AÍ TEXTO DE BOB PERKS

Deus esta ai 
- Papai, qual o tamanho do mundo? É muito grande?
A criança perguntou.
- Fica menor à cada dia. O pai respondeu. 
- Mas qual o tamanho dele? A criança insistiu.
- Depende de qual mundo você está falando. Disse.

- Tem mais de um mundo?
- Sim, tem. Respondeu.

- Em qual mundo Deus está? Ela perguntou.

Então ele pediu que a criança trouxesse um pedaço de papel e alguns de seus lápis de colorir.

- Vem cá, deixe-me lhe mostrar.

Então desenho um pequeno círculo no meio da página e disse,
- Isto é o seu mundo. É onde você vive. Aqui estão todas as pessoas que você conhece e gosta. Deus está aí.

E continuou,
- Dentro deste mundo está o mundo que existe dentro de sua cabecinha. As coisas em que você acredita. Chamam-no de sua imaginação. Deus está aí.

- Depois tem o mundo em que você vive, com tudo o que Deus criou. Com todos os novos meios de comunicação o mundo ficou mais próximo. Posso ligar para meu irmão na Austrália ou para meu tio na Inglaterra. Posso enviar um email para os amigos que têm computadores em qualquer lugar no mundo. Deus está aí. Agora lembre-se de que, assim como você, cada uma das pessoas no mundo têm o seu próprio mundo. Ele disse enquanto desenhava muitos pequenos círculos. Deus está em cada um destes mundinhos.

Depois, o pai desenhou um círculo maior ao redor de tudo e disse,
- Este é o mundo maior. Nós o chamamos de universo, mas não temos nenhuma idéia de seu tamanho. Deus está aí.
A criança então pegou um lápis e desenhou um coração dentro do círculo maior.

- O que é isso? O pai perguntou.

Depois de um breve momento olhando o quadro, a criança respondeu,
- É vovó. Ela está no coração de Deus, certo?
Então, apontando o coração, ela disse,
- É aqui que é o céu, não é, papai?
- Sim e tem um pouquinho de céu bem aqui, também.
Ele disse enquanto a abraçava.

Tudo que nós temos, tudo que nós somos, tudo que nós precisaremos, está aí. A cadeira em que você está sentado, os elementos que a compõem e compõem o computador que você usa, a luz, a casa, a comida, a medicina... Tudo. A única coisa que nós devemos acrescentar e reforçar é a crença em quem criou tudo isto.
Tradução de Sérgio Barros
Texto de Bob Perks
 Este texto nos diz que Deus está sempre conosco. Em momentos alegres e em momentos tristes. Está sempre ao nosso lado, nos cuidando com todo o amor e carinho. Como Pai não nos abandona nunca.

Degustação de vinho em Minas por Luiz Fernando Veríssimo


DEGUSTAÇÃO DE VINHO EM MINAS 

- Hummm... 

- Hummm...

- Eca!!!

- Eca?! Quem falou Eca? 

- Fui eu, sô! O sinhô num acha que esse vinho tá com um gostim
istrannn?

- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque
de trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que
enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas... 

- Putaquepariu sô! E o sinhô cherô isso tudo aí no copo?!

- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor? 

- Cebesta, eu não! Sou isso não sinhô!! Mas que isso aqui tá me
cherano iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá
isso tá!

- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild! 

- O sinhô me descurpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e infiano
o narigão lá dentro. O sinhô tá gripado, é ?

- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação
entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O
senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a
taça, deitar o vinho e, então... 

- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada! 

- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no... 

- Ma num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim! 

- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje,
por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens... 

- Hã-hã... Eu sabia que tinha francêis nessa história
lazarenta... 

- O senhor poderia começar com um Beaujolais! 

- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana! 

- Então, que tal um mais encorpado? 

- Óia lá, ocê tá brincano com fogo... 

- Ou, então, um suave fresco! 

- Seu moço, tome intento, que a minha mão já tá coçano de
vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada! 

- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar! 

- Num vô não, fi dum cão! Mas num vô, messs! Num é questã de
tamannn e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é
outro, qui inté rima com brabuleta... 

- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio? 

- E que tal a mão no pédoreia, hein, seu fióte de Belzebu? 

- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e
macio, acertei? 

- Eu é qui vô acertá um tapão nas sua venta, cão sarnento!
Engulidô de rôia! 

- Mole e redondo, com bouquet forte? 

- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis!
Num corre, não, fidaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha
fedorenta!... 

LUIZ FERNANDO VERíSSIMO 

 
  
Ocê gósde vinho?

Mensagem que mandei a alguém especial prá mim!


Estes dias, você mandou uma mensagem citando o Leo Buscaglia, escritor que só falou sobre o amor em todos os aspectos. Até fiz um comentário  em um e-mail que te enviei. Uma das coisas que ele disse é: “Os riscos têm de ser corridos, pois o maior risco na vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada, não é nada e se torna coisa alguma. Mas não pode aprender, sentir, modificar-se, crescer, amar e viver acorrentado por suas certezas. É um escravo, foi privado do direito de sua liberdade. “Somente a pessoa que arrisca é verdadeiramente livre”.
Eu faço minhas as palavras do Buscaglia. Eu já perdi muito tempo em minha vida em que poderia ter feito outras viagens, conhecido outros amores, arrumado novos empregos em diferentes lugares e me acomodei. Com o tempo aprendi que devo arriscar mesmo que me arrependa depois, não há tempo a perder. Estarei viva daqui a um segundo, á uma semana, a dez dias, a um  ano, dez anos? Você estará? Com certeza não sabemos a resposta, por isto prefiro me arrepender e já me arrependi do que fiz do que simplesmente deixar passar...
Infelizmente a gente não pode parar o tempo... O que vale é o agora!
Embora, Deus seja o Senhor do tempo, a  partir de alguns meses atrás, eu Ana Rubia, comecei a arriscar mais e quero viver sem perder mais tempo!
E assim tenho feito, e não tenho me arrependido. Arrisque você também! Viva mais, ame mais! O que temos é o HOJE! 
Ana Rubia